Oktoberfest – o Carnaval de Munique

Oktoberfest – o Carnaval de Munique

Era uma vez um rei na Baviera, chamado Luís. Ele estava prestes a casar e adorava uma festa. Para comemorar o casamento, resolveu fazer uma corrida de cavalos num parque distante do centro da cidade, onde todos os membros da família real, reinos vizinhos e suas plebes poderiam estar presentes e curtir o espetáculo.

Sendo na Bavária, a corrida foi regada a muita cerveja, salsichões, chucrutes, joelhos de porco assados e ensopados de marreco. A festa foi tão boa que o rei resolveu repetir a dose (só da festa, não do casamento) no ano seguinte. E assim é desde 1810. Esta foi a primeira Oktoberfest. A história com todos os detalhes está aqui.

Até hoje o evento acontece no mesmo lugar, o parque Theresienwiese, que tem esse nome por causa da noiva, a princesa Teresa de Saxe-Hildburghausen. A Corrida de Cavalos foi abolida no início do século 20, mas a cerveja, como todos sabem, continua firme e forte.

Em 2010,  lá fomos eu e o Caetano conferir a 200a. edição da Oktoberfest, devidamente acompanhados do Klaus, nosso amigo e cicerone – fomos de ônibus, o parque Theresienwiese é bem servido de transporte e hoje ocupa uma área central da cidade. A festa funciona das 10h da manhã às 23h, impreterivelmente. Nós chegamos lá ao anoitecer, por volta das 18h. Para entrar na festa ou nas tendas, você não paga nada. Paga apenas quando for consumir , antecipado.

Chegando lá e vendo a estrutura da festa, concluímos que na verdade a Oktoberfest tem características de uma gigantesca quermesse. Tem um parque enorme com brinquedos para todas as idades – o mais antigo, um tobogã (com esse nome mesmo!) está lá, triunfante e muito procurado!

O nome, em alemão, é Tobogan mesmo! O avô de todos os escorregadores que você conhece

E tem as barraquinhas – de doces, amêndoas, salgados, bebidas diversas (até caipirinha vimos), de lembrancinhas e de jogos, como em qualquer boa feira de interior, só que bem mais sofisticadas.

Lojinha de guloseimas da quermesse que é a Oktoberfest

Como nosso interesse era em conhecer as tendas e tomar umas, fomos direto a elas. Há tendas de todos os tamanhos – umas vinte de menor porte e as maiores, que são em torno de doze, têm capacidade de até oito mil pessoas. Gente, isso é mais que os blocos de carnaval de Salvador comportam! 😯

Chegando nas tendas, nós turistas olhamos de fora e tendemos a achar que é tudo igual, claro. Mas, continuando a analogia com o Carnaval de Salvador, cada tenda tem um atração musical diferente, um público diferente, uma animação característica. Pedi ajuda ao Klaus para me explicar o que cada uma tinha de especial. Seguem suas considerações:

A tenda tradicional (e a melhor, em sua opinião): Augustiner. Tem música da Bavária, é onde os locais também curtem a festa, a cerveja é ótima. Dá gente de todas as idades.

As tendas da balada: Schottenhamel, Hacker e Bräurosl. Nesta última há uma festa GLS no primeiro domingo do Festival.

As tendas turística: Hofbräu, Löwenbräu – são as cervejarias mais frequentadas ao longo do ano pelos turistas, também.

Ele destaca uma atração que considera muito especial e que está há mais de 100 anos na festa, que é o “Teufelsrad”, ou “Devil Wheel” – uma roda giratória onde as pessoas fazem performances diversas. Dê uma olhada neste link da Teufelsrad, parece ser bem interessante de assistir. Eu não estive lá, mas da próxima vez não perco, deve render boas risadas. Dá uma olhada no videozinho:

http://www.youtube.com/watch?v=51d2cRnyVyY&feature=related

Circulamos por algumas tendas, antes de nos fixarmos na Augustiner, a preferida do nosso cicerone. Estava lotada, mas como nosso amigo já tinha aproveitado a festa outros dias, já tinha estabelecido conexões na tenda, e conseguiu um lugarzinho em uma mesa para nós. As mesas nas tendas não são exclusivas, a não ser que você chegue cedo e com dez amigos. Mas isso não é problema, muito pelo contrário: os demais ocupantes da mesa te recebem muito bem, e rapidinho éramos todos amigos de infância! E depois de um pouquinho de conversa, um suiço já estava contando para o Caetano o tanto que tinha adorado o Rio de Janeiro e a alemã do meu lado se esforçava em me ensinar umas dancinhas.

A turma animada da nossa mesa

Sim, porque lá também há musicas-hit e coreografias! Acabamos aprendendo uma uma muito engraçada sobre um cara que tomava algo que o deixava super forte, forte e nadava, nadava e voava, voava… e a música tocando e a tenda inteira na dancinha. O video abaixo não é meu, mas ajuda a ter uma idéia do que estou falando.

Sobre as principais músicas que tocam na Oktoberfest, achei esse link. Mas não é só de música da Bavária que vive a festa – no repertório há os sucessos dos anos 80 e 90, passando por Queen (We are the Champions… We will rock you…) até Justin Timberlake – muito pop e rock na festa.

O evento mobiliza toda a Bavária, que aproveita as semanas para organizar eventos paralelos (quando eu fui, também acontecia um campeonato de golfe), além de empresas que também aproveitam o período para promover seus eventos próprios e convenções. Hospedagem é algo muuuuito complicado nessa época, e muito caro.

A festa é muito organizada. Tem uma administração própria, tem guarda-volumes, tem banheiros limpíssimos (foto pra comprovar!).

Banheiro da Oktoberfest, tarde da noite!

Banheiro da Oktoberfest, tarde da noite

Ao final de um dia de festa, o cenário na tenda é de caos total. Mas não demora muito e a turma da limpeza já deixa tudo em ordem.

Esta é uma tentativa de explicar um pouco do que é a Oktoberfest, traduzir a festa em palavras é impossível. A festa termina em Outubro, no primeiro domingo do mês. Parece bobagem lembrar isso, mas é bom aproveitar a festa em Setembro, quando ela está no início. Me inscrevi no site Oktoberfest.de para poder acompanhar os detalhes da festa, que não são poucos. Este ano, o site começou a enviar informações em maio, com dicas de hospedagem ainda com preços normais. Em 2010, ao tentar agendar com 2 meses de antecedência, não achei hospedagem por menos de 130 euros. Na mesma época, hostels começavam suas diárias em 40 euros por pessoa.

Curiosidades da Oktoberfest:

– São 6 milhões de pessoas que frequentam a festa, por ano, que dura aproximadamente 2 semanas.

– Os alemães não chamam a festa de Oktoberfest, e sim de Wiesn, um apelido simpático para o nome do parque onde a festa acontece. Assim se quiser dar uma de habitué, já sabe… Oktober é pra turistada.

– Só cervejarias originais da região podem participar da Oktoberfest.

– Durante a festa, Munique é invadida por italianos, por quem os locais nutrem sentimentos hiperlativos e opostos (ou amam ou odeiam a presença deles na cidade).

– Leve dinheiro, tudo é pago em cash. O preço da cerveja é meio que tabelado, com pequenas variações, e gira em torno de 9 euros. Considere logo 10 euros, com a gorjeta, para ser bem servido durante todo o período que estiver lá!

E se inscreva no http://www.oktoberfest.de/en, para saber dos detalhes para 2013!

*Esta viagem foi feita em Setembro/Outubro de 2010. Estivemos em Munique, Schwangau, Neuschwanstein, Rothemburg ob der Tauber e Berlim. Fizemos este circuito em 12 dias.

Primeira parada em Munique – Augustiner Brau

Como bom cicerone, o Klaus nos pegou no aeroporto e nos levou direto para uma cervejaria, a Augustiner Brau. Segundo ele, a preferida dos moradores da cidade, menos turística que outras muito conhecidas, como a Hobfbrauhaus. A Augustiner é a cervejaria mais antiga da cidade, tendo o início de suas atividades documentadas de 1328 (extraoficialmente, dizem que foi até antes). Ou seja, eles fabricam cerveja muito antes do Brasil pensar em ser um país! 😛

Um brinde a séculos aperfeiçoando a cerveja!

O prédio onde hoje fica o restaurante tem aproximadamente 200 anos, e ainda funciona como fábrica. A comida é típica da Bavária: marrecos, pernis, bolas de batata (o nome dessas bolinhas é kartoffelkloesse. Melhor chamar de bolinha, né?). Caetano pediu uma porção de pernil que tranquilamente alimentaria a nós dois.

Pratinho simples pedido por Caetano

E você acha que eu não tinha pedido também um prato para mim? Pois eu tinha. E era um prato enorme. Fui buscar no cardápio algo que poderia ser traduzido como  “tudo e mais alguma coisa da Bavária”, e veio uma panelinha com duas salsichas, uma fatia de pernil, uma coxa de marreco, uma bola de batata… e acho que era isso. Comida para uma semana, em uma panelinha na minha frente! É claro que não dei conta, mas pelo menos experimentei um pouquinho de cada coisa.

Viu? Quando eu disse que veio numa panela até a mesa, eu não estava brincando…

No caminho para os banheiros, eis que você encontra uma divisória de vidro e, do outro lado, um estábulo. Dali você pode admirar os cavalos que puxam a carroça da Augustiner na abertura da Oktoberfest. Sim, há um desfile de carroças no primeiro dia, e cada cervejaria sai com uma carroça toda adornada, puxada por seus melhores cavalos. Diferente, né? Pois é, então essa visão no caminho pro toilette na verdade é motivo de orgulho pra todos no recinto. Achei bem curioso e peculiar!

Super bem tratados – os cavalos das charretes da Augustiner Brau

Adorei começar nossa visita a Munique já visitando uma cervejaria. Ela estava bem cheia, mas com poucos turistas. Tem cardápio em inglês. E uma lojinha com souvenires, caso quiséssemos levar uma lembrancinha pra casa. Recomendo, com certeza!

Links interessantes:

Site da Augustiner Brau

Site da Hofbrauhaus

Site Oficial de Turismo na Alemanha – em português

Portal Oficial de Munique e Região da Bavária

Site Oficial da Oktoberfest de Munique

Aplicativos que me auxiliaram em minha viagem a Munique:

Munich Guide – Lonely Planet (aproveitei uma promoção e baixei free)

Munich City Guide – gratis. (app sobre Munique recomendado no site da Oktoberfest. Tem todas as atrações da cidade e infos sobre o evento).

Oktoberfest.de – gratis – A maior parte das informações está em alemão (idioma que eu não falo). Mas achei útil porque tem uma webcam mostrando a festa, ao vivo.  Tem informações sobre todas as tendas, e a capacidade das mesmas, no momento. É só jogar o texto no aplicativo do google translator, caso precise.

Munich City Walks – Self-guided Walking Tours Lite – Esse app dá uma idéia do que há pra ver na cidade e traz informações sobre pontos turisticos, mas nada muito aprofundado. Acho legal para me orientar, sempre baixo a versão lite (free) das cidades onde vou.

*Esta viagem foi feita em Setembro/Outubro de 2010. Estivemos em Munique, Schwangau, Neuschwanstein, Rothemburg ob der Tauber e Berlim. Fizemos este circuito em 12 dias.